sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Câmara da Guarda investiga projectos assinados por Sócrates

Sócrates e Joaquim Valente foram visados no artigo do "Público" e indignaram-se contra a "campanha"

Três juristas e os dois directores dos departamentos Administrativo e de Planeamento e Urbanismo da Câmara da Guarda estão encarregados de averiguar a legalidade das situações relatadas na polémica dos projectos de engenharia assinados pelo actual primeiro-ministro, na década de 1980, cuja autoria não seria, alegadamente, de José Sócrates. A criação desta comissão de inquérito foi proposta, ontem, ao Executivo pelo presidente da Autarquia com o argumento da "defesa da verdade". Joaquim Valente (PS) considera que a notícia do jornal "Público" contém "inverdades e é caluniosa nalguns considerandos". O antigo colega de Sócrates no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, também visado na investigação do diário, refere-se, sobretudo, a uma suposta violação de procedimentos na construção de uma moradia em zona de Reserva Agrícola Nacional (RAN) na localidade do Porto da Carne. Contudo, os eventuais ilícitos apurados não terão consequências disciplinares, uma vez que já passaram mais de 20 anos sobre os factos.

"Queremos esclarecer tudo, porque, neste momento, há pessoas que estão a ser acusadas infundadamente na praça pública", sublinhou o edil.

Ainda assim, a Oposição na Autarquia duvida que a comissão esclareça alguma coisa, por ser formada apenas por funcionários da Câmara. "É gente da casa e já está condicionada antes mesmo de apresentar conclusões, até porque está envolvido o primeiro-ministro", criticou Ana Manso (PSD), também deputada na Assembleia da República.

Por isso mesmo, a vereadora sugeriu a escolha de elementos independentes para "não se subverter o cabal esclarecimento desta matéria". Caso contrário, receia que o resultado obtido seja apenas "uma versão da verdade que se quer dar". A sugestão não foi, porém, aceite.

A comissão vai trabalhar sem prazo definido. "É um trabalho difícil e longo, mas estarei atento para que as coisas avancem o mais rapidamente possível", prometeu Joaquim Valente.

José Sócrates, recorde-se, já garantiu que o artigo do "Público" estava incorrecto, explicando que todos os projectos que assinou são da sua autoria. O assunto foi, aliás, objecto de polémica na Assembleia, ontem.

Luis Martins - Jornal de Notícias

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