sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Secretário-geral do PCP acusa ASAE de "excesso de zelo" e falta de "bom senso"

Couço, Coruche, 15 Fev (Lusa) - O secretário-geral do PCP acusou hoje a ASAE de "excesso de zelo" e falta de "bom senso" na aplicação de uma legislação que é "inadequada à realidade nacional" e que está a levar à extinção os produtos tradicionais.

Couço, Coruche, 15 Fev (Lusa) - O secretário-geral do PCP acusou hoje a ASAE de "excesso de zelo" e falta de "bom senso" na aplicação de uma legislação que é "inadequada à realidade nacional" e que está a levar à extinção os produtos tradicionais.

Jerónimo de Sousa participou hoje no Couço, "terra de heróicos lutadores pela liberdade", numa iniciativa em defesa dos produtos tradicionais, que considerou um "património cultural que é necessário defender e valorizar" e também "suporte complementar à viabilização do que resta do mundo rural".

O líder do PCP acusou a "polícia económica" - referência à Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) - de "fundamentalismo proibicionista que mata também os espaços de convívio nos mercados, festas e feiras tradicionais".

A legislação "punitiva" aprovada pelos Governos PS e PSD/CDS está também a acabar com o pequeno comércio de aldeia, "onde o saneamento básico ainda não chegou, mas onde o fundamentalismo higienista impõe em muitos casos ridículas e impraticáveis exigências e para a solução dos quais não há o mínimo apoio", afirmou.

Falando na sala da Casa do Povo do Couço, cheia de populares e com mesas ao fundo cobertas de enchidos tradicionais (linguiça, bucho, bexiga recheada, farinheira de sangue), Jerónimo de Sousa criticou ainda as "pesadas punições e multas" a práticas que eram próprias do mundo rural, como o abate em casa do porco ou do vitelo.

O secretário-geral comunista acusou o Governo português de se ter limitado a regulamentar os aspectos sancionatórios das directivas de Bruxelas, cuja normalização e estandardização, "a pensar na grande produção industrial e nos interesses das multinacionais", acabará, se nada for feito, por "matar muitos dos nossos produtos nacionais".

"Não está em causa a necessidade e exigência de garantir regras de higiene e segurança alimentar na produção e comercialização dos produtos regionais tradicionais e na sua confecção mas o olhar fundamentalista e proibicionista de tudo o que é resultado de anos e anos de experiência acumulada de um povo, para padronizar o que a vida tornou diferente em qualidade e sabor", afirmou.

Jerónimo de Sousa afirmou ainda que "os grandes problemas sanitários do nosso tempo - vacas loucas, nitrofuranos ou gripe aviaria - não são o resultado das práticas" da pequena produção mas sim da agricultura intensiva e da grande produção agro-alimentar, "aos quais são garantidos o máximo dos apoios e protecção".

O secretário-geral do PCP acusou o actual Governo de seguir "o mesmo caminho de desprezo do mundo rural" dos executivos anteriores e de ter acentuado os aspectos negativos de uma política que "alimentou profundas desigualdades regionais e sociais e fragilizou as condições de vida" das populações.

Jerónimo de Sousa terminou com um apelo à população do Couço para que participe, a 01 de Março, na marcha "em defesa do direito à liberdade de organização partidária e de todas as outras liberdades democráticas", contestando as alterações à lei dos partidos.

MLL.

Lusa/fim /expresso

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