A independência dos jornalistas é um problema chave da liberdade de Imprensa. E a liberdade da Imprensa é condição imprescindível para a Democracia.
Ora, no contexto actual, grande parte dos jornalistas, em Portugal e em muitos outros países do mundo, não gozam da suficiente independência para garantir o exercício dessa liberdade.
Esta falta de independência resulta de factores objectivos, como a insustentável precaridade de emprego ou da apertada promoção na carreira, mas, em especial, por um conjunto de situações criadoras de distorcidas e pouco conscientes limitações.
O contexto social, repleto de redes indecifráveis de ligações políticas, sociais, económicas, culturais, de matriz ideológico-partidária, corporativista, ou até de laços familiares, provoca, em muitos casos, o exercício fácil e espontâneo da auto-censura.
É a falta de independência de muitos jornalistas que, a troco de meia notícia, compactuando com o xadrez do tecido social, leva à exagerada reserva das fontes informativas. A obrigatoriedade da revelação das fontes, que, agora, mais uma vez unidos em bloco central, PSD e PS, - sabe-se lá por que «pecados secretos» - se preparam para exigir, em letra de lei, é também e ainda resultado da conduta de muitos jornalistas.
Em muitos dos casos invocados para a não revelação das fontes, os jornalistas não deveriam compactuar. Deveria fazer parte do código de responsabilidade civil e social exigir a indicação das fontes. Ou seja, a senha de actuação deveria ser esta: «se quer que eu divulgue esta notícia, terei de identificar a fonte».
Mas, para fazer manchete, os jornalistas muitas vezes cedem a fazer reserva dos «informantes qualificados» (?), em muitos casos, os mais interessados na divulgação da respectiva «cacha».
O uso e abuso indiscriminados da reserva à confidencialidade das fontes vão agora originar mais uma «machadada» na já ténue liberdade de informação, como condição indispensável a uma Democracia, em liberdade e responsabilidade.
[ J.M. Paquete de Oliveira - Professor de Sociologia no ISCTE ]
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
para reflectir...
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