Qual é o balanço que José Sócrates faz dos seus três anos de Governo, que se cumprem amanhã? Positivo, muito positivo. Que imagem tem o primeiro-ministro da sua acção e das suas políticas? Reformistas. Alguma coisa correu mal? Não, tudo correu lindamente. Este é o resumo da entrevista que José Sócrates deu ontem à noite na SIC.
Em 50 minutos de conversa uma única novidade: o primeiro-ministro ainda não decidiu se se recandidatará ao cargo nas legislativas do próximo ano. Sócrates também já tem um tabu.
Quatro temas estavam agendados para a conversa do chefe do executivo com os jornalistas Ricardo Costa e Nicolau Santos: economia, saúde, educação e política geral. Sócrates levou a lição bem estudada, apostando sempre numa estratégia de contra-ataque directo às perguntas, com o apoio de pequenas notas em que, área a área, apontava de uma forma clara e simples as reformas que diz ter feito durante estes três anos de governação.
Na economia, e confrontado com os números de desemprego, o primeiro-ministro preferiu salientar os empregos que diz terem sido criados e voltou a mostrar-se “confiante” de que vai conseguir cumprir a promessa de criar 150 mil postos de trabalho até ao final da legislatura. José Sócrates assegurou que já foram criados 94 mil postos nos três anos do seu Governo e que se se mantiver o ritmo vai mesmo “ultrapassar” a meta dos 150 mil.
Sócrates salientou ainda o crescimento económico, a baixa do défice, a melhoria nas exportações e o regresso do investimento. Sobre uma eventual baixa de impostos em 2009, o líder do Executivo recusou-se, para já, a dar novidades por não ter “condições” com “segurança” para dizer se o poderá fazer ou não.
Sócrates disse ainda que queria que Carlos Santos Ferreira não trocasse a Caixa Geral de Depósitos pelo BCP e que a única coisa que pediu ao gestor foi que ele não levasse toda a sua equipa da Caixa.
Já na área da educação, Sócrates usou a mesma táctica: fugiu às polémicas, apresentado o que chamou de medidas positivas. Destacou as aulas de substituição; salientou a colocação de professores por três anos; saudou a alteração ao estatuto da carreira docente; elogiou as alterações ao primeiro ciclo do ensino básico e não deixou de fora as loas a alterações à gestão das escolas. Na avaliação dos professores, acusou os jornalistas de estarem a usar os argumentos da oposição e deixou uma garantia: “Não serei mais um primeiro-ministro que passa pelo cargo sem fazer a avaliação dos professores.”
Na saúde elogiou o ministro que demitiu, Correia de Campos, salientando as reformas que este fez e voltou a enumerar o que acha que foi mais positivo na governação — ou seja, tudo. Voltou a dizer que compreende o “sentimento psicológico das pessoas” com o fecho dos Serviços de Atendimento Permanente, repetiu que a partir de agora não há mais encerramentos sem garantir alternativas.
A parte dedicada à política foi a mais curta e a mais incompleta, por falta de perguntas. Sobre a oposição, nem uma palavra; sobre críticas internas e externas, nada; eventuais recuos no novo aeroporto e nova travessia sobre o Tejo, falsidades.
Falou, a pedido dos jornalistas, sobre as notícias do PÚBLICO sobre os projectos de engenharia e criou um tabu sobre uma eventual candidatura ao cargo de primeiro-ministro. “Ainda é cedo” e cabe ao PS decidir”.
“Todos os projectos que assinei são da minha autoria e da minha responsabilidade. Já disse isso no Parlamento e numa entrevista”, referiu.
O primeiro-ministro considerou “falsas” as notícias veiculadas pelo PÚBLICO sobre o seu passado profissional. “Ainda cabe nos meus direitos o direito de defesa, e tenho o direito de desmentir as notícias que não são verdadeiras. Faço-o em nome da verdade”, declarou, antes de se recusar a atribuir ao presidente da SONAE, Belmiro de Azevedo, a responsabilidade por uma alegada campanha pessoal que existirá contra si. “Não faço processos de intenções e nem perco muito tempo com isso”, declarou.
Luciano Alvarez - público
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Sócrates elogia todas as políticas do seu Governo e cria tabu sobre recandidatura
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